sábado, 25 de outubro de 2008

(re)nascer


Num imenso bosque vazio
Que posso observar devido ao luar
Procuro,
Rapidamente o Teu olhar.

As forças que nele habitam
São mais fortes que as espadas,
Olhos que me mostram
A beleza das muralhas.

O Teu reino é reconfortante
E é lá que eu quero estar.
Pois só assim eu saberei
Que existe a palavra Amar.

Teus olhos contêm uma vida
Que um dia eu conhecerei,
Pois sempre em direcção a Ti
Eu caminharei.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Arriscar

Somos jovens é um facto.
Então porque vê tanta impassividade e concordância?
Sinceramente uma das coisas que mais me irrita é a capacidade que temos de estar constantemente a queixarmo-nos. Como se o facto de o fazermos fosse mudar alguma coisa.
Procura-se espírito de iniciativa!
Claro que tomar decisões não é fácil (eu que o diga) e acho que não se importar muito com isso é coisa de gente crescida (o que não é o meu caso) mas como alguém me dizia é preciso não termos medo de arriscar e procurar ver o que se ganha em detrimento do que se perde. Porque, perder perde-se sempre algo. É inerente à nossa liberdade de decisões. Agora podemos tirar o melhor partido disto. :)
Vamos ter dúvidas do caminho que estamos a optar? Eventualmente muitas! Mas creio que vale sempre a pena correr o risco! :)

Se queremos que passem para a nossa margem do rio temos de mostrar que vale a pena correr esse risco. E vice-versa! :)

"Com efeito o reino dos céus é semelhante a um proprietário que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com eles a um denário por cada dia e enviou-os para a sua vinha. Saiu depois pela terceira hora e viu outros, que estavam na praça, ociosos, e disse-lhes: Ide vós também para a minha vinha e tereis o salário que for justo. E eles foram. Saiu de novo pela hora sexta, e pela hora nona e fez o mesmo. Saindo pela hora undécima, encontrou outros que ainda por ali estavam e disse-lhes: Porque ficais todo o dia aqui sem trabalhar? É que, responderam-lhe, ninguém nos contratou. Ele disse-lhes: Ide vós também para a minha vinha. Ao entardecer, o dono da vinha disse ao capataz: Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário começando pelos últimos até aos primeiros. Vieram os da hora undécima e receberam um denário cada um. Vieram por seu turno os primeiros e julgaram que iam receber mais, mas receberam também um denário cada um. Depois de o terem recebido começaram a murmurar contra o proprietário dizendo: Estes últimos só trabalharam uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós que suportámos o cansaço do dia e o seu calor. Respondeu a um deles: em nada te prejudico, meu amigo. Não foi um denário que nós ajustamos? Leva pois o que te cabe e segue o teu caminho. Apraz-me dar a este último tanto quanto a ti. Não me será permitido dispor dos meus bens como me aprouver? Ou tu hás-de ter maus olhos por eu ser bom? Assim os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Porque muitos são chamados e poucos escolhidos" MT, 20, 1-16

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O outro lado

"Tudo na vida tem um lado positivo".
Será? Há momentos em que não conseguimos ver isso.
E então subimos ao ponto mais alto que podemos (neste caso a uma janela) e pensamos.
Pensamos que às vezes um gesto não significa o mesmo para duas pessoas. Pensamos que hipervalorizamos certas coisas. E pensamos que estamos sozinhos. Mas depois há alguém que nos tira da janela, que nos arrebata para uma cadeira e se preocupa. E olhamos para fora da janela e já tudo mudou. O sol já se pôs e nós já estamos mais calmos.
E pensamos. Já não temos muito tempo. A praia está deserta e é para lá que nos dirigimos. Ficamos sozinhos perdidos em pensamentos.

E voltamos para casa, junto das rotinas que às vezes não parecem ter significado.
Esperamos...

sábado, 11 de outubro de 2008

Procurando

Dá-me o Teu braço.
Deixa-me ficar aí, inerte enquanto estas lágrimas escorrem para o Teu colo.
Dá-me o Teu colo.
Prometo não pesar muito, pois vou deixar a minha alma a repousar a um canto.
Dá-me o Teu ombro.
Para que eu não Te possa olhar nos olhos mas ao mesmo tempo sinta o Teu calor.
Dá-me a Tua mão.
Para que eu sinta que alguém me ampara.
Dá-me os Teus braços.
Para que eu sinta pela primeira vez a segurança.
Dá-me um beijo na testa.
Para que eu sinta que Te importas comigo.
Dá-me o Teu amor.
Para eu saber que existo.

No fim de tudo o Amor permanece

Estes dias têm me levado a questionar "quando desistir?"
Será que existe um limite de dor, de sofrimento que pode ser considerado como limiar?
Quantos amigos meus já pensaram em suicidar-se? Quantos amigos já perdi porque desistimos ambos? Quantas vezes fugimos do que nos magoa ou do que sabemos que nos vai magoar a médio prazo? E será que com isso comprometemos as experiências futuras?
As coisas mudam, as pessoas crescem.
E mudam porque aprendemos com as coisas que nos vão acontecendo no dia-a-dia. E aprendemos estratégias para não magoar os outros e para não nos ferirmos. E então flutuamos num mar calmo, o sol a bater-nos na face, sem ondas. E aguardamos. Esperamos intimamente que algo nos agite que vire de pernas para o ar o nosso pequeno mundo. Mas negamos estes pensamentos e continuamos. Rejeitamos a inércia dos outros, queremos actividade, sentimento no que fazem.
A minha experiência diz-me que as pessoas não mudam a essência do que são. E não quero parecer descrente mas por mais que me tentem convencer disso a minha experiência até agora não me permite. Preciso de ver para crer. Mas não desisto. Parece contracenso mas os meus amigos sabem que todos os dias luto contra esta inércia, este mundinho sereno, sem brisa e com sol forte no mar calmo. Muitas vezes me atiro de cabeça, mas não quando estão outras pessoas envolvidas. Não posso nem devo. Já me magoaram demasiado para perceber que isso é o pior que nos pode acontecer. Mas ainda assim tenho fé. Fé no amor. Descobri que esta é a resposta para tudo. E que, enquanto ele existir tudo será possível.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

História

Qual o papel dos profissionais de saúde para o bem-estar da população?
A resposta a esta pergunta parece óbvia, mas será assim tanto? Eu acho que a diferença faz-se em pequenos gestos.
Aqui vai uma história.
Um senhor idoso depois de ter um AVC teve alta hospitalar e foi para casa. Ficou com um dos braços paralisados e com pouca força nas pernas. A esposa, deixou de trabalhar para cuidar dele. O senhor ficou acamado durante 7anos! Alternando a cama com a cadeira do seu quarto. Um dia a esposa morreu e os filhos, nora e genro passaram a cuidar dele: faziam-lhe o jantar, lavavam a roupa... Um dia, o genro disse-lhe: "é hoje que você vai sair da cama!". O idoso chamou-o de doido e disse que depois de 7anos na cama não seria agora com certeza que iria se levantar. Mas o genro teimou. E puxa daqui, agarra acolá, lá o levantou. E aos encontrões e a cambalear o idoso lá foi ajudado a chegar à porta do quarto. Qual a sua alegria quando viu a porta de entrada, o corredor!
Comoveu-se, já não os via há 7anos e não queria voltar para a cama!
Mas o genro tinha de trabalhar e levou-o de volta para a cama prometendo que sairia mais cedo do trabalho para o ajudar a andar mais um pouquinho. Mal o genro saiu, o idoso decidiu tentar sair da cama. Afinal já tinha esperado tempo demais! Cai da cama, rasteja e lá acaba por chegar perto da janela e espreita lá para fora. Que alegria ver o mundo! Começou a acenar às pessoas que passavam na rua. Os vizinhos que o conheciam de tantos anos de acamado desataram a gritar "é milagre!" e foram a correr chamar os filhos.

Este senhor nunca precisou de estar estes anos todos privado do que mais gostava. E aí podiam e deviam intervir os profissionais de saúde. A história é verdadeira e repete-se algures na porta ao nosso lado.

Sensibilidade e bom senso

A minha ainda curtinha experiência de estágio tem sido algo entre o castiça e reveladora.
De facto, o contacto com uma população muito carenciada fez-me ver um outro lado da sociedade que até agora não conhecia tão bem. E em alguns aspectos é mesmo muito diferente podem acreditar! No entanto, a maior dificuldade que encontrei nessas populações penso que é comum à com que nos cruzamos todos os dias no nosso meio: encontrei pessoas mergulhadas na solidão. E não estou a exagerar. A nossa presença e disponibilidade de as ouvirmos, por pouco que seja já nos valeram sinceros "muito obrigado". Também já choraram enquanto me contavam coisas pessoais. Profissionalmente, são momentos difíceis de gerir. Pessoalmente, são de grande gratificação e enriquecimento pessoal.
E questiono-me: "o que podemos fazer quanto a isso?"
Muita coisa.
Antes de mais a minha ainda curta experiência de voluntariado forneceu-me algumas estratégias para lidar com a situação. Também na faculdade as aprendi, embora numa perspectiva diferente do voluntariado como é óbvio. Mas cada momento destes é para mim único, não existem estratégias possíveis quando a pessoa abre a sua intimidade para nós.
Mas quanto à minha pergunta anterior, a resposta está em mostrarmos disponibilidade para com o outro. Por mais reduzido que seja o tempo que possuímos para um momento como esse, se formos sinceros e sensíveis à sua causa a pessoa vai perceber.
Sensibilidade gera sensibilidade.

(re)começar

Para começar parece-me lógico explicar porque surgiu este blog.
Bem, ele surge da necessidade relativamente recente de poder partilhar algo que poucos meus amigos entendem. E, por consequência não consigo expressar. Talvez depois lhes dê a conhecer esta parte de mim :)
Mas, sei agora que não estou sozinha! Uma data de gente partilha das minhas ideias, opiniões e esta descoberta de Verão foi das melhores coisas que me aconteceu.
Muita coisa mudou. E eu mudei. E isto faz-me pensar que não sou a única! Tive a sorte e privilégio de partilhar esta experiência com muita gente. E esta necessidade surge também daí. Destas janelas que se abriram e que me mostraram um horizonte cheio de oportunidades! (e não estou a falar do meu centro de saúde que se chama Horizonte looool)
Desde então tenho agarrado todos os momentos que me recordam estas experiências porque passei como se agarra a própria vida. Porque parte da minha começou aí.
E é por este turbilhão de sentimentos e emoções que me povoam que resolvi escrever este blog.
Não tenho a pretensão de transmitir algo mas gostaria de me expressar melhor e de dar a conhecer coisas que se passam nesta "cabeçita cheia de dúvidas"