domingo, 21 de junho de 2009

Lenda S.João Sobrado

Aqui vai a história da lenda da minha vila (Sobrado) que todos os anos neste dia reproduz a lenda, com a participação entusiástica de todos os habitantes.
Esta lenda, de características peculiares designa-se de bugiadas e tem raízes antiquissímas, não se conhecendo ao certo a sua génese, no entanto acredita-se que esteja ligada às comemorações do solestício de verão. Mas passemos à estória propriamente dita.

Conta-se que habitavam na serra de Cucamacuca ( Sta Justa) mouros ( mourisqueiros), provavelmente na extração do ouro, quando a filha do rei Mouro ( Reimoeiro) adoedeu gravemente.
O rei chamou todos os sábios e curandeiros da região afim de curarem a filha. Sem resultado. A jovem não melhorava.
O rei, muito poderoso e abastado, ao ver a princesa desfalecer, procurou todos os meios ao seu alcance para curar a filha, mas nem cientistas nem curandeiros conseguiram livrar a princesa da grave doença que a atacava.
Então soube que, perto do seu reinado, havia um povo de raça visigoda (bugios) que se dedicava aos trabalhos agrícolas e profanava a religião cristã, tendo como padroeiro S. João Baptista, que era muito milagroso.
O rei mouro, desesperadp, procurou o velho rei cristão e pediu-lhe que o deixasse interceder junto do Santo para curar a filha, prometendo tudo para conseguir os seus desejos
O Rei mouro, pediu a imagem emprestada aos bugios, que acederem ao pedido.
A princesa moura é curada.O rei mouro organiza então grandes festas em honra de S. João, mas recusa-se a devolver a imagem aos bugios. Mas a ingratidão do Reimoeiro vai mais longe, em almoço por ele oferecido, em jeito de afronta oferece aos bugios os restos do repasto.
O " caldo" estava entornado. Os bugios reclamam a imagem como sua, os mouros recusam-se a dá-la. Estala a guerra. São trocadas mensagens entre os dois reinos afim de se fazer a paz. Nada feito. Os Senhores doutores de Lei ( advogados), também intervêm e debatem as leis entre eles. Não chegam a acordo. trocam-se tiros entre os dois castelos.
O ambiente aquece. O Reimoeiro, farto do impasse em que se tornou a guerra, reúne o exército e toma o castelo cristão ( bugio) de assalto prendendo o Velho ( rei dos bugios).
Tudo parece perdido, sem a imagem e com o rei preso, a tribo cristã que pecou apenas pela sua generosidade, vê o seu fim perto, às mãos mouras. O rei cristão é levado. Só um milagre poderia salvar a tribo cristã e o seu rei.
Mas, eis que um reduto de bugios fieis ao rei surge, entre a multidão, trazem algo, uma serpe gigantesca que assusta os mouros ( fugindo deixando o Velho da bugiada para trás). Restitui-se a ordem inicial. Como sempre o bem triunfa.

Por isso já sabem, são todos bem vindos no dia 24 a Sobrado, vila de Valongo, para verem cumpridas as festividades em honra de S.João!
Até lá! :)

sexta-feira, 12 de junho de 2009

coisas da vida

Hoje invade-me a revolta...
E assola-me o pensamento da estupidez que é escrever este blog... o mundo dos bloggers não estará porventura recheado de indivíduos mal-amados pela sociedade, que odeiam os empregos, não têm com quem falar e que por isso mesmo desabafam para um ecrã de meia dúzia de polegadas? E se eu não me revejo nisso porque continuo a escrever? Porque será que Anne Frank nos seus meses de clausura escreveu um diário? Por não ter mais nada de interessante para fazer? É uma boa explicação, mas quero pensar que algo superior passou pela cabeça da menina-mulher. Talvez o facto de sentir que todos os à sua volta estavam fartos de falar daquela realidade, para ela ter com quem discutir... Mas então de que falavam eles? Ou então, ela quereria apenas deixar um testemunho, talvez quem sabe pós-mortem, sobre uma simples menina. Talvez seja também por isso que continuo a escrever este blog, apesar de saber que daqui a poucos dias estarei demasiado cansada para sequer me lembrar do que postei aqui.
A vida é feita de coisas assim, tais como estas lágrimas... Sei o que se vai passar a seguir, resta-me juntar ao discernimento que sobra a vontade de preservar a integridade.
Assola-me ainda mais dois pensamentos nesta noite: o reencontro com o passado, que ouso adiar e a ideia de que as pessoas se contentam com pouco. Têm talvez, medo da solidão, e fazer escolhas baseadas nisso mesmo... Como diria a minha professora, o medo é fundamental, mas eu acrescento que depende do contexto...